Boa noite.
Que nunca, jamais alguma entidade externa ou interna acuse o povo português de não ser produtivo. Entre nós temos os campeões de produtividade. Indiquem-me uma pessoa, que não seja portuguesa, que tenha 73 cargos de administração em paralelo?
Por cá existem estas entidades, são seres sobrenaturais com capacidade de trabalho e gestão de tempo, como nunca foi visto. Eu olho agora para mim e verifico a minha inferioridade, a minha tão curta capacidade.
Seria eu lá capaz de:
1) gerir ou participar na gestão de 73 empresas? Tomar decisões importantes, traçar rumos, objectivos?
2) De manhã escolher 1 dos meus 73 carros de frota , se escolhesse 1 por semana, demoraria a vê-lo de novo 1 ano e meio depois. E os lugares de garagem para isto tudo? Aspirar, lavar, levar ao mecânico? Enfim um inferno
3) 73 telemóveis, provavelmente ficaria a brilhar de tanta radiação ao fim de 1 hora
4) Ter de decorar 73 nomes de empresa, moradas, lugares no parqueamento
O que precisamos é de pessoas como estas para nos dar o exemplo, mostrar o caminho que temos de percorrer.
Tudo isto seria muito divertido, se não tivessemos enterrados na troika e o país não estivesse à beira da rotura social. Quando alguém no desemprego ou em vias de, ou mesmo uma pessoa com trabalho a ganhar ordenados vergonhosos, liga o telejornal e a primeira coisa que vê é uma noticia sobre 18 pessoas onde uma delas ocupa 73 cargos e as outras 17 30 cargos de administração ( executivos e não ), leva a que uma revolta cresça e ocupe o lugar da racionalidade, qualquer dia a revolta ganha.
Isto até pode ser legal, mas claramente é imoral é bafiento, cheira a podre. Como alguém pode exercer 73 cargos diferentes? Chega a exercer algum?
Algo está mal, como chegámos até aqui?
Quem são estes seres, que provavelmente alegam o excesso de pessoas a ganhar o RSI, ou que a despesa com o SNS é muito superior ao que devia ser? Onde está a moralidade? Onde está o governo? Ninguém faz nada? A CMVM vai ficar por aqui?
Corremos seriamente o risco de não serem as medidas da troika a darem cabo do país e da paz social, mas sim estes casos rasteiros, estes Relvismos facilitistas, o chico espertismo tão tipicamente português.
Com esta noticia cravámos mais um prego no caixão, que é o nosso país na actualidade.
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