sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Corte no salário dos privados criaria buraco de 1,7% do PIB

Como é possível que a troika venha aí e faça afirmações destas. Uma simulação feita pelo JN diz que para um corte de 15% no salário dos privados teríamos 1,7% de buraco no PIB, ora contas feitas:

O nosso PIB anda à volta dos 184 000 000 000 €, ora 1,7% disto dá 3 128 000 000€, ou seja mais de 3 mil milhões de Euros, 6 submarinos, 3 x subsidios de férias e de Natal da função pública, ou 4 BCP's às cotações de hoje.

Onde é que este dinheiro depois teria de vir? Ora pela história recente da austeridade, mais austeridade, mais castigo da economia real, menos consumo, mais castigo da função pública, dos pensionistas, das empresas, todo o país.

Se na função pública podemos dizer que estamos a "descer" a despesa, no privado estamos a agravar o défice, não faz sentido que assim seja.

É preferível aumentar nas horas de trabalho, se o objectivo é melhorar a produtividade ou descer os custos do trabalho, sendo certo que nos grandes empregadores ( retalhistas, fábrias, etc ) ira aumentar os despedimentos, mas aí a rotação no emprego é sempre grande, porque infelizmente ninguém fica "efectivo", ou pelo menos muito pouca gente.

Nos serviços os 30 minutos ou 60 minutos adicionais não fazem grande impacto, hoje em dia a maioria das pessoas faz mais horas do que está no contrato, são pressionadas a isso para produzir resultados. Quem nunca ficou numa reunião até às 20h00, tendo entrado às 9h00? Quem nunca ficou até às 19h00 a fazer aquele relatório, ou a responder a uma série interminável de emails e outros assuntos pendentes?

Parece-me que a agenda da Troika procura algo, que ainda não me é claro. Se for transformar Portugal na china da Europa nas questões laborais, ainda há muito para cortar, não sei é se como povo ordeiro, sereno, chegamos lá.

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